sábado, 4 de fevereiro de 2012

Saudades

Trilhar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um chapada, um soco, um pontapé, doem. Dói bater com a cabeça na esquina da mesa, dói morder a língua, dói uma cólica, dói uma cárie ou mesmo pedra no rim. Mas o que dói mais é a saudade.
Saudades de um amigo que mora longe. Saudades do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudades de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudades de uma cidade. Saudades de nós próprios. Doem essas saudades todas. 
Mas o pior tipo de saudades é a saudade de quem se ama. Saudades da pele, do cheiro, dos beijos. Saudades da presença, e até da sua ausência . Podias ir para o aeroporto e eu para o dentista, mas sabia onde andavas. Podia ficar dias sem te ver, mas sabia que qualquer dia ia ter contigo. Mas quando o amor de um de nós acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como pará-la.
Saudades é não saber. Não saber mais se te continuas a constipar no inverno. Saudades é não saber se continuas a querer saber de mim. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que me encham o pensamento, não saber como não deitar lágrimas a ouvir uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Quero que tudo volte como era antes. AMO-TE

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